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Dólar avança e juros recuam em meio a declarações do BC
O dólar encerrou em alta de 0,30%, a R$ 1,977, maior cotação desde o dia 6. Entre mínima e máxima, a moeda oscilou 0,71%.
Os comentários sobre inflação, câmbio e juros do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e a tensão com o cenário externo pesaram ontem sobre os mercados brasileiros. No fechamento da sessão, o dólar marcava alta, e as taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros, queda.
O dólar encerrou em alta de 0,30%, a R$ 1,977, maior cotação desde o dia 6. Entre mínima e máxima, a moeda oscilou 0,71%.
Em discurso a empresários em Nova York ontem, Tombini disse que o BC está preocupado e monitorando com atenção o ritmo da inflação. A expectativa da autarquia, disse, continua sendo de alívio no segundo semestre. Em entrevista ao "The Wall Street Journal", no fim de semana, Tombini afirmou que o BC não tem intenção de usar o câmbio como instrumento para o controle de preços ou de promoção de crescimento.
"Ele [Tombini] ressaltou que não vai usar o dólar como ferramenta de controle de preços", disse Fábio Akira, economista-chefe do Banco J.P. Morgan no Brasil. "O viés parece ser de não atuar, mas ele reconhece os efeitos benéficos do dólar mais baixo para a inflação."
Na BM&F, as taxas de juros abriram em alta, repercutindo a entrevista de Tombini ao jornal americano, mas acabaram cedendo no período da tarde, reagindo ao tom mais moderado do discurso feito pelo presidente do BC em Nova York. Após o vaivém, a visão majoritária continua sendo a de que qualquer mudança de juros deve acontecer a partir de abril, e somente se houver uma alteração no conteúdo da ata do encontro de política monetária de março.
"O Tombini subiu um tom na entrevista, para depois recuar um tom", disse um especialista. "O mercado abriu pressionado, demonstrando receio que o BC estaria preparando uma alta da Selic em março, mas isso perdeu força", disse, acrescentando que a aposta majoritária continua sendo de que qualquer alteração no discurso virá em março.
O contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com prazo em janeiro de 2014 caiu de 7,83% para 7,80%. O contrato de janeiro de 2015 fechou com taxa de 8,45%, contra 8,51% na sexta.
Na opinião de Akira, do J.P. Morgan, a alta de ontem do dólar refletiu também a piora no cenário externo, em particular o receio com os resultados da eleição parlamentar italiana, para a qual pesquisas e projeções apontavam ontem um fortalecimento do ex-premiê Silvio Berlusconi. Investidores temem que as políticas de austeridade em vigor no país sejam colocadas em xeque se o grupo de Berlusconi voltar ao poder na Itália.
No curto prazo, a tendência para o dólar no Brasil continua sendo de baixa, disse Akira. A expectativa, porém, está condicionada ao andamento do mercado, dado o recado "explícito" do BC e do Ministério da Fazenda de que não querem volatilidade no câmbio.
"A chance de [o dólar] ficar mais para baixo é maior do que a de ficar mais para cima", disse Akira.
Outro fator que pode contribuir para pressionar a moeda americana para baixo nesta semana é o vencimento de derivativos cambiais na BM&F, na sexta. Os principais interessados na queda da moeda americana são bancos e investidores estrangeiros, que fecharam a última semana com posições líquidas vendidas nesses ativos de US$ 4,4 bilhões e US$ 6,3 bilhões, respectivamente.
"As rolagens podem dar uma mexida com o mercado esta semana, mas nada que tire o dólar da faixa em que tem operado nos últimos dias", disse o profissional de um banco, referindo-se ao intervalo entre R$ 1,95 e R$ 2 no qual a moeda americana vem oscilando desde o fim de janeiro.