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Dólar cai e testa mínima em oito meses
No mercado futuro, o dólar para março cedeu 0,55%, a R$ 1,9915.
Num dia de fluxo intenso de divisas para o mercado local, o dólar comercial fechou em baixa de 0,45%, a R$ 1,9860, menor nível de fechamento desde 29 de janeiro de 2013 e não muito distante da taxa de R$ 1,983 apurada em 28 de maio de 2012. No mercado futuro, o dólar para março cedeu 0,55%, a R$ 1,9915.
O giro interbancário somou US$ 4,274 bilhões segundo a clearing de câmbio da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), cerca de 70% acima da média diária no ano. Segundo profissionais, o volume refletiu o adiantamento de operações do mercado na semana anterior ao Carnaval.
O dia foi marcado por comentários do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mas diferentemente da semana passada, a fala não chegou a influenciar significativamente o rumo da taxa. O Mantega reafirmou que o objetivo do governo é evitar excessos no câmbio, reduzindo a volatilidade. E acrescentou que a taxa de juros "civilizada" causa menos distorções no câmbio e que, nos últimos meses, o Brasil conseguiu um nível de taxa cambial que estimula a exportação.
"Tinha que ser uma declaração muito bombástica para fazer o dólar mudar de rumo. Ela não veio, então o mercado se sentiu mais confortável para "bater" no dólar [vender]", disse o especialista em câmbio da Icap Corretora Italo Abucater.
Na avaliação do gestor da FRAM Capital Roberto Serra, a ênfase de Mantega ao falar que o objetivo do governo passa por um câmbio menos volátil vai na linha do discurso do Banco Central. Referenda, assim, expectativas de que a moeda americana opere no curto prazo com oscilações moderadas.
Já as taxas de juros negociadas na BM&F fecharam em alta pela sexta sessão seguida, nas máximas em dez semanas, puxadas pela maior preocupação dos investidores com a inflação após a sinalização dada pela presidente Dilma Rousseff de que estuda desonerar itens da cesta básica. Para agentes de mercado, a estratégia é um paliativo de curto prazo que tende a alimentar o quadro de majoração dos preços ao longo das cadeias produtivas.
O ambiente de incerteza contaminou também os custos de captação do Tesouro Nacional por meio de títulos públicos federais atrelados ao IPCA, ativos usados justamente pelo mercado como forma de proteção contra a inflação. Todas as Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) colocadas ontem em leilão saíram com taxas superiores às registradas no leilão anterior de mesmo tipo, em 8 de janeiro.
(Colaboraram João José Oliveira e Lucinda Pinto)