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O que os executivos fazem para morar e trabalhar perto
Fugir do trânsito é o principal objetivo; aplicativos para celular e horários alternativos também ajudam.
Postergar (ou adiantar) os horários de entrada e saída, mudar-se para perto do trabalho, usar aplicativos para smartphones e tablets que indicam as melhores rotas. Essas e outras alternativas são usadas por executivos para reduzir o tempo que passam no trânsito, algo bastante incômodo para quem mora em grandes centros urbanos.
Cesar Medeiros, diretor geral de uma multinacional britânica, não encontrou outra opção a não ser mudar-se de bairro. Hoje mora no Panamby, mas entre março e abril deve se mudar para o Brooklin, quando o apartamento que comprou será entregue pela construtora.
"Percorro entre 60 e 70 quilômetros diariamente até o escritório, localizado em Alphaville. Com a mudança, devo percorrer 20 quilômetros a menos", afirma.
A decisão de Sirlene Cavaliere, diretora de marketing e comunicação de uma multinacional de tecnologia, foi mais radical. Quando a área na qual trabalhava migrou do Itaim Bibi para Alphaville, ela resolveu deixar Perdizes para mudar-se para um bairro perto da companhia.
"Tomei a decisão baseada no trânsito de São Paulo e no meu interesse em ganhar qualidade de vida", afirma.
Hoje, as duas horas que perderia no deslocamento são destinadas à prática de esportes e passeios com o cachorro. "São momentos prazerosos, que não tinha quando morava em São Paulo e que hoje não abro mão", completa Sirlene.
Mas, segundo lembrar os especialistas, a mudança requer planejamento. "Vemos um número cada vez maior de executivos que se mudam para atender ao trabalho. Entretanto, essa decisão precisa ser muito bem pensada, uma vez que, atualmente, ninguém tem seu emprego assegurado por muito tempo. Sendo assim, é necessário pensar no hoje, mas também no amanhã. E, principalmente, se gosta da região pretendida para moradia", sugere Irene Azevedo, diretora de negócios da consultoria LHH/DBM.
Medeiros fez isso. Escolheu um bairro que concentra oportunidades futuras de emprego. "Além da escolha do bairro estar baseada ao atual emprego, escolhi a região pela empregabilidade. Antes, todos iam ao centro de São Paulo, depois à Av. Paulista, à Faria Lima e hoje vão à Berrini. Como minha mulher administra um negócio próprio, jamais poderia me mudar para Alphaville. Por isso escolhemos o Brooklin", diz.
Também foi levado em consideração o aumento do custo de vida que implicaria a mudança.
"Compraria um apartamento de 60 metros quadrados maior no Panamby se comparado ao Brooklin com o mesmo valor. Abrimos mão de morar melhor quanto ao espaço para morar em um lugar com melhor acesso", pondera Medeiros.
Marcelo De Lucca, diretor da Page Executive, empresa que faz parte do PageGroup, afirma que um dos grandes desafios do mercado de trabalho é mobilidade, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. E pensando na retenção de talentos e bem estar de seus funcionários, algumas empresas passaram a flexibilizar os horários de entrada e saída dos executivos, bem como permitir o home office.
"As companhias começaram a perceber o desgaste que a dificuldade em se locomover por grandes cidades causa e passaram a ser mais flexíveis com os funcionários quanto aos horários de trabalho", ressalta o especialista da Page Executive.
Essa decisão também foi tomada pelas empresas devido à recusa de muitos executivos em trabalhar em empresas afastadas da capital de São Paulo, por exemplo. De acordo com Irene, esse comportamento é comum, inclusive entre executivos desempregados. "As pessoas têm avaliado prós e contras de trabalhar longe da atual residência. E a resposta é sempre a mesma: não aceitam a proposta", diz.
Há até um aplicativo para celular, chamado Emprego Ligado, que oferece vagas para candidatos que residam a, no máximo, 5 km do local de trabalho. Desenvolvido por três americanos que se tornaram amigos na faculdade de Stanford, o serviço já conta com 70 mil usuários brasileiros e a expectativa é alcançar a marca de 1,5 milhão de usuários até dezembro.
Nos planos da companhia para este ano está ainda expansão do serviço para todo o território nacional - por ora, o serviço está disponível apenas em São Paulo -, mas com o foco nos grandes centros urbanos, que ofereçam uma boa relação de proximidade entre os candidatos e as vagas de emprego.
Alternativas
Para quem não quer mudar de bairro, a alternativa é acompanhar o trânsito por meio de aplicativos instalados em smartphones e tablets, sistemas de GPS ou mesmo rádios.
"Fujo a todo custo dos horários de pico de trânsito e o acompanho por meio de aplicativos e GPS. Semana passada tinha uma reunião no escritório e saí de casa às 6h10 para não correr o risco de ficar travado no trânsito", lembra o diretor geral da multinacional britânica.
Outra sugestão dada pelo diretor da Page Executive é aproveitar os horários críticos para manter uma atividade próxima ao trabalho, como ir à academia, fazer cursos de línguas ou de instrumentos musicais. "Essa alternativa tem ganho adeptos nos últimos anos", completa De Lucca.