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Dólar ruma para R$ 2,10 à espera do BC
Com giro limitado, o dólar fechou em leve alta de 0,05%, a R$ 2,083, renovando a máxima desde o dia 15 de maio de 2009, quando a divisa bateu em R$ 2,11.
Esta quarta-feira marca o retorno consistente das operações cambiais no Brasil, após dias de volume abaixo da média - especialmente ontem - por conta de feriados na semana passada e na terça-feira. A melhora no giro financeiro deve vir acompanhada pelo aumento da expectativa de uma intervenção do Banco Central (BC) caso a moeda mantenha o ajuste de alta e ameace tocar o teto da banda informal considerada pelo mercado, atualmente entre R$ 2,00 e R$ 2,10.
Ontem, a sessão foi de liquidez extremamente reduzida, já que as operações à vista ocorreram sem a referência do mercado futuro de dólar da Bolsa de Mercadorias & Futuros - fechada pelo feriado do Dia da Consciência Negra, em São Paulo. Com giro limitado, o dólar fechou em leve alta de 0,05%, a R$ 2,083, renovando a máxima desde o dia 15 de maio de 2009, quando a divisa bateu em R$ 2,11.
No entanto, cresce a corrente de investidores que apostam numa tolerância maior do governo, especialmente após o tom objetivo utilizado pela presidente Dilma Rousseff ao falar do nível do câmbio, em entrevista exclusiva ao Valor. Na entrevista, Dilma disse que o governo está "em busca de um câmbio que não seja esse de um dólar desvalorizado e o real supervalorizado".
Na avaliação do estrategista-sênior de câmbio do Scotiabank, Eduardo Suarez,, o mercado vai continuar testando a disposição da autoridade monetária para impedir que o real se enfraqueça ainda mais. "Até agora, o BC permaneceu quieto conforme nos aproximamos da taxa de R$ 2,09, um nível importante. Enquanto se espera por mais orientação sobre a nova banda, acreditamos ser prudente ficar à margem do mercado."
Apesar de em pouco mais de uma semana o dólar ter saído de R$ 2,03 para mais de R$ 2,08, alguns profissionais apostam que uma solução do impasse fiscal nos Estados Unidos deve afastar a moeda americana do patamar de R$ 2,10, devolvendo a cotação da divisa para mais próxima da faixa de R$ 2,05.
"Voltamos a ficar muito atrelado ao exterior. E vejo que lá nos Estados Unidos, passado esse imbróglio fiscal, as coisas vão se assentar. Os dados da economia americana estão vindo bons e não dá para ignorar isso", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. "O dólar pode até testar os R$ 2,10, mas não vejo esse movimento como sustentável. Deve voltar [a cair] um pouco mais até o fim do ano."
Hoje o mercado acompanha os números mais atualizados sobre o fluxo cambial no Brasil referentes à semana passada. Os dados devem dar uma mostra da liquidez do mercado e se o BC em algum momento pode ser levado a atuar na oferta para suprir alguma falta da divisa no mercado.
Em novembro, até dia 9, o fluxo estava positivo em US$ 2,305 bilhões. Esse saldo, no entanto, ainda deixa os bancos com posições vendidas em dólar à vista de pouco mais de US$ 1,3 bilhão, segundo estimativas. Nesses níveis, os agentes diminuem as apostas em uma atuação do BC, ofertando dólares no mercado à vista. No fim de outubro, essa perspectiva cresceu porque os bancos terminaram o mês com posições vendidas de US$ 3,66 bilhões.